Em um cenário de transformações aceleradas e transferência de patrimônio entre gerações, preparar-se hoje é garantir um futuro de segurança e prosperidade para quem amamos.
Este artigo explora os quatro eixos fundamentais para construir um legado sólido: o contexto macroeconômico, a situação real das famílias brasileiras, os conceitos centrais de planejamento patrimonial e sucessão inteligente, as ferramentas práticas disponíveis e o novo ambiente jurídico-tributário (2023–2025).
Contexto macroeconômico e demográfico da sucessão no Brasil
Estamos diante da maior transferência de riqueza já registrada no país. Segundo levantamento da UBS, o Brasil será o segundo país do mundo em volume de herança a ser transmitida nas próximas décadas, com estimativa de cerca de US$ 9 trilhões, atrás apenas dos EUA.
Esse movimento acarretará uma reestruturação das carteiras de investimento, aumento da demanda por planejamento sucessório e redistribuição de capital entre diferentes gerações e faixas sociais. Além disso, o crescimento do patrimônio de longo prazo via previdência complementar atingiu R$ 3,02 trilhões em março de 2025, equivalente a 25% do PIB brasileiro.
As Entidades Fechadas de Previdência Complementar (EFPC) somam R$ 1,34 trilhão em ativos, demonstrando a relevância crescente da previdência como pilar de independência financeira na aposentadoria e como bem a ser incluído no planejamento sucessório.
A realidade e os desafios das famílias brasileiras
Embora 59% dos brasileiros se considerem financeiramente planejados, 43% não possuem reserva de emergência, revelando fragilidades estruturais. Quando o assunto é sucessão, apenas 7% têm um testamento ou plano formalizado.
- 56% já refletiram sobre a distribuição de bens, mas poucos estruturaram seus desejos em documentos oficiais.
- 42% acreditam que familiares saberiam acessar seus ativos, mas menos de um terço mantém documentação organizada.
- Somente 9% tomaram providências específicas para custear despesas de inventário, mesmo após 16% já terem arcar com esses custos.
Esse cenário é agravado por um sistema jurídico-tributário instável e caro, além de um forte tabu cultural que associa a sucessão à antecipação do fim da vida, em vez de um ato de cuidado e responsabilidade com quem permanece.
Conceitos centrais: planejamento patrimonial e sucessão inteligente
O planejamento patrimonial envolve a organização, proteção e otimização fiscal dos bens, direitos e investimentos de uma família, visando guardiã-los contra riscos como conflitos ou credores.
Já o planejamento sucessório inteligente é o preparo antecipado da transferência de patrimônio em caso de falecimento ou incapacidade, alinhado a um propósito familiar claro.
- Proteção contra disputas e má gestão familiar.
- Garantia de segurança jurídica e continuidade de negócios familiares.
- Equidade entre herdeiros, respeitando diferentes uniões e necessidades.
- Redução de custos fiscais e burocráticos no momento da sucessão.
Ferramentas práticas de planejamento patrimonial e sucessório
Para transformar conceitos em ações concretas, disponha de um arsenal de instrumentos jurídicos e financeiros adaptados às necessidades de cada família.
Holding patrimonial e holding familiar são estruturas que centralizam imóveis, participações societárias e aplicações em uma pessoa jurídica. Em 2025, foram criadas mais de 42 mil novas holdings patrimoniais, um aumento de 37% em relação ao ano anterior.
Essa estratégia permite a doação em vida de cotas com cláusulas protetivas (inalienabilidade, usufruto), além de reduzir em média 25% dos custos com impostos e sucessão.
Instrumentos complementares incluem testamentos, seguros de vida, planos de previdência privada e cláusulas especiais em contratos de doação. Cada um deles traz vantagens específicas, mas também exige atenção a riscos e custos de manutenção.
O novo ambiente jurídico-tributário (2023–2025) e seus impactos
A Reforma Tributária (EC 132/2023) e a Lei Complementar 214/2025 trouxeram mudanças significativas na tributação de holdings e doações. Esses ajustes tornam a revisão de estruturas patrimoniais ainda mais estratégica.
Famílias empresárias que não se adequarem correm o risco de ver aumentada sua carga fiscal e de perder benefícios fiscais conquistados anteriormente. Por outro lado, quem antecipar ajustes poderá usufruir de incentivos especiais e maior previsibilidade tributária.
É fundamental contar com profissionais especializados em direito tributário e societário para mapear impactos, revisar contratos e adequar políticas de governança familiar, garantindo conformidade e eficiência.
Conclusão: construindo um legado duradouro
O planejamento patrimonial e a sucessão inteligente não são luxos reservados a grandes fortunas, mas um ato de responsabilidade, amor e visão estratégica. Ao adotar esses conceitos e ferramentas hoje, você estará protegendo o futuro de sua família e perpetuando valores que atravessam gerações.
Comece definindo seu propósito familiar, mapeie riscos e oportunidades, e conte com uma equipe multidisciplinar. Quanto mais cedo você estruturar sua sucessão, maior será a tranquilidade e a segurança para todos os envolvidos.
Este é o momento de agir: transforme intenção em ação e construa um verdadeiro futuro próspero para as próximas gerações.